terça-feira, 16 de julho de 2013

Gagueira e ansiedade: Qual a relação?

Estudo derruba antiga crença sobre origem da gagueira

Publicado em abril 20, 2010

Pesquisa conduzida pela mestranda Bianca Phaal, da Universidade de Canterbury (Nova Zelândia), desmistificou a antiga crença de que a ansiedade seria a causa da gagueira infantil.
Uma pesquisa da Universidade de Canterbury, Nova Zelândia, está desafiando a antiga noção de que a gagueira em crianças estaria ligada à ansiedade.
Bianca Phaal (foto à direita), mestranda do Departamento de Distúrbios da Comunicação da Universidade, concluiu um estudo que investigou os níveis de ansiedade em um grupo de crianças de 3 e 4 anos de idade que estavam na fase inicial de manifestação do distúrbio, comparando-as com um grupo controle formado por crianças sem gagueira.
Ela examinou o nível de ansiedade das crianças por meio da coleta de amostras de saliva de cada uma delas para a medição da concentração de uma substância chamada cortisol. O cortisol, também conhecido como hormônio do estresse, é uma substância liberada durante períodos de ansiedade elevada. Ele pode ser medido na saliva embebida em um fio dental adsorvente. Bianca também conduziu testes para medir o grau de temor das crianças diante de situações de comunicação e levantou dados com os pais, pedindo a eles para classificar os níveis de ansiedade de sua criança em diferentes situações.
Trabalhando em conjunto com o bioquímico Dr. John Lewis, Bianca não encontrou qualquer indício de níveis mais altos de ansiedade em crianças que gaguejam quando comparadas a crianças de fala normal.
Não houve qualquer diferença significativa entre as crianças que gaguejam e aquelas que não gaguejam, seja quanto aos níveis de ansiedade, seja quanto ao grau de temor da criança diante de situações de comunicação, nem houve também qualquer relação entre a severidade da gagueira e a ansiedade, disse Bianca.
Os resultados deste estudo sugerem que a ansiedade generalizada e o temor diante de situações de comunicação não estão associados com a gagueira infantil; portanto, é improvável que a ansiedade seja uma causa fundamental da gagueira, afirmou Bianca.
Contudo, caso a gagueira infantil persista, as experiências negativas em situações de fala podem levar ao desenvolvimento do temor em se comunicar e, talvez, ansiedade generalizada. Desse modo, a intervenção precoce na gagueira pode ser crucial para prevenir este desenvolvimento.
O professor Mike Robb, do Departamento de Distúrbios da Comunicação, disse que a descoberta feita pelo estudo foi importante para ajudar a entender melhor esta condição que afeta cerca de 1% da população da Nova Zelândia e de todo o mundo.
Há um longo histórico de pesquisas sobre gagueira e sua relação com a ansiedade, com alguns teóricos acreditando que a ansiedade seja a ‘causa’ da gagueira e outros defendendo que a ansiedade é um mero ‘resultado’ da gagueira. Em todos os casos, as pessoas acreditam que a ansiedade é um aspecto central na gagueira, comentou Prof. Robb.
Neste caso, aceitar a invalidação de uma das hipóteses tem importantes implicações clínicas e teóricas relacionadas à etiologia da gagueira. Até onde sei, este estudo é o primeiro de seu gênero a examinar quantitativamente o papel da ansiedade em crianças que estão na fase de desenvolvimento deste importante distúrbio de comunicação.
Bianca também demonstrou com seu estudo como a bioquímica pode ter um papel nas pesquisas relacionadas às desordens de comunicação, disse o Prof. Robb.
Link para o original: Study discredits anxiety as cause of childhood stuttering
Fonte do artigo traduzido: Instituto Brasileiro de Fluência
Data de publicação: 13 de fevereiro de 2008
Tradução: Hugo Silva. Revisão: Sandra Merlo.